UM PEREGRINO TRAÇA SEU CAMINHO DE LUZ!
Hoje
recebi a noticia de que um velho companheiro havia falecido e resolvi escrever
essa história (com h) que ocorreu comigo e gostaria de ter contado para esse
fraterno amigo. Mas quem sabe ele, esteja onde estiver, não a leia?
Estava
eu fazendo meu Caminho, numa tarde de julho, bem fria!
O
fraco sol de inverno tornava ainda mais prazeroso aquele percurso. A trilha era
ladeada por maravilhosas araucárias que lançavam suas sombras como tapete, por
cima da terra vermelha do Caminho.
O
ar frio daquele meio de tarde, indicava que a noite seria bem fria, ideal para
um chocolate quente, na pousada da cidadezinha que se aproximava.
Foi
quando percebi que numa casinha a beira do Caminho pequena multidão se
aglomerava em sua volta. Ao passar em frente da simples, porém muito bela
residência, percebi que lá se realizava um funeral.
Notei
também que as pessoas não aparentavam muita tristeza, ao contrário, algumas
bebiam, sentadas ao pé da varanda, falando em tom bastante animado.
E
foi pensando naquela cena, que completei aquela etapa até a pousada.
À
noite, após aquele abençoado chocolate quente logicamente “batizado” com uma
generosa dose de um bom conhaque, deitei na cama e, como faço toda noite,
tentei fazer um resumo de meu dia, avaliando os prós e contras, mas a imagem
daquele funeral rondava a minha imaginação.
Como
é morrer?
Tudo
acaba?
E
neste instante, para minha alegria, aparece o espírito do Velho Peregrino.
- Vejo que a morte lhe
lança duvidas, irmão Peregrino! Falou o Velho Peregrino, sempre em um tom de
voz que emanava paz, como sempre foi das vezes em que ele apareceu.
- Pois é, meu Velho!
Tanto andamos nessa vida e um dia viramos pó, o mesmo pó que se levanta com os
nossos passos. Falei demonstrando todo o meu descontentamento
com a morte.
- Me siga! Disse ele e, no mesmo instante me vi em frente
aquela casa na qual ocorreu o funeral.
- Diga o que você
está vendo! Falou o Velho Peregrino, apontando com o seu
cajado para a casa.
- Uma casa e um
funeral! Falei com um tom óbvio na voz!
-Ah, meu irmão
Peregrino! Não olhe com os olhos, mas sim com a alma!
-Veja a casa e note
como ela exala tranqüilidade. Olhe o jardim, como que emoldurando a casa!
- Olhe o pomar, com
lindas e variadas árvores. Olhe aquela bica de água pura e cristalina e veja que
o precioso líquido é trazido por tubulação deste a sua fonte. Veja lá em cima
do morro, aquele cruzeiro, lá posto como se para abençoar toda essa região.
-Saiba que tudo foi
feito pelo irmão que ali jaz em seu simples caixão!
- O que está no caixão
é apenas a carne! O espírito dele está em cada flor, em cada fruta, em cada
gota de tão pura água. Enfim, em tudo que ele aqui fez e deixou como sua marca
neste plano terreno!
- Toda vez que alguém sentir
o perfume dessas flores, beber um gole dessa água, sentir o doce de cada uma
dessas frutas ou, se ajoelhar aos pés do cruzeiro, mesmo que seja daqui a mil anos,
o espírito desse irmão lá estará se regozijando.
- Assim como você,
irmão Peregrino! O dia que seu corpo parar, será o dia em que o seu espírito será
avaliado.
- O que você fez para
essa e para as posteriores gerações?
- Não que seja preciso
construir, não que seja preciso plantar, não que seja preciso deixar bens.
Porem se você não plantou, não construiu, não deixou bens, mas ensinou os que
precisavam ser ensinados, confortou os que precisavam ser confortados e acolheu
os que precisavam ser acolhidos, saiba bem:
- A tua carne se findará
porem o seu espírito continuará vivo em cada ensinamento, em cada palavra de
conforto, em cada acolhimento que existir depois de você passar dessa vida!
- Não meu irmão. O verdadeiro
Peregrino não morre. Apenas ele passa a trilhar novos Caminhos. Caminhos que
ele sedimentou nesta vida. Caminhos de ensinamentos. Caminhos de amor ao
próximo. Enfim, Caminho de luz o qual foi desbravado por você neste período que
passou aqui nesta terra!
- E, neste dia, nos
encontraremos no mesmo plano e você será eu e eu serei você!
- Siga seu Caminho,
irmão Peregrino, que ele te levará para os Caminhos eternos de nosso Pai!
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